Menino Deus - Histórico

                É considerado o mais antigo arraial de Porto Alegre, ou seja, tratou-se do primeiro território reconhecido enquanto agrupamento semi-independente, que mantinha com o Centro relações comerciais e administrativas. Localizava-se ao sul do Riachinho, atual Arroio Dilúvio, nas antigas terras que pertenciam a Sebastião Francisco Chaves, na Estância São José.

                A denominação do bairro ocorreu em função da devoção ao Menino Deus, introduzida por açorianos, que culminou na construção de capela em estilo gótico junto à praça - também denominada Menino Deus-, e inaugurada na noite de natal de 1853. A capela converteu-se em centro de peregrinação, em virtude das festas natalinas que atraíam moradores de outros bairros, sendo também responsável pela procissão dos Navegantes que, posteriormente, foi transferida para o bairro de mesmo nome. O acesso à Capela dava-se pela rua Menino Deus, mais tarde chamada de Treze de Maio e, finalmente, Avenida Getúlio Vargas. A bela igreja foi demolida, nos anos de 1970, dando lugar a uma outra, de arquitetura moderna.

                Por sua crescente vitalidade e importância para o centro urbano, na segunda metade do século XIX foram instaladas no bairro linhas de transportes coletivos e, em 1870, inaugurou-se a linha de transporte público denominada “maxambomba”, que transitava sobre trilhos de madeira. Por sua ineficiência, cedeu lugar aos “bondes puxados a burro”, em 1873.

                Na época, o Menino Deus caracterizava-se pela presença de casas bem arranjadas e hortas, ligadas a uma camada da população de maior poder aquisitivo, que desfilava por suas ruas em finas carruagens. Destacava-se como o mais movimentado de Porto Alegre, em função de suas festas paroquiais e pela instalação, em 1888, do hipódromo Rio-Grandense, que funcionava entre as ruas Botafogo e Saldanha Marinho. 

                No ano de 1909, foram construídos no local pavilhões destinados a exposições agropecuárias. Outra construção que contribuiu para dar maior movimentação ao bairro foi a do Estádio dos Eucaliptos, pertencente ao Sport Club Internacional, no ano de 1931.

                Nos anos de 1940, o bairro sofreu sua primeira grande modificação física e urbana, em decorrência da canalização do Arroio Dilúvio, que produzia graves enchentes. A realização do aterro (onde hoje se situa o Parque Marinha do Brasil), no final dos anos 50 e início dos anos 60, possibilitou o prolongamento da Av. Borges de Medeiros que, por sua vez, providenciou melhor acesso e conseqüente expansão do bairro. A canalização nos anos 70 do Arroio Cascata, que formava sérios alagamentos à região, foi outro fator de valorização do bairro. Uma nova configuração aconteceu com o “Projeto Renascença”, que abriu a Av. Erico Verissimo e criou o Centro Municipal de Cultura, na área onde antigamente situava-se a Vila conhecida como “Ilhota”. Um tradicional clube está sediado no bairro há mais de setenta anos, o Grêmio Náutico Gaúcho, que possui uma área de mais de 11 mil m2 consagrada aos esportes e ao lazer. 

                Trata-se, no entanto, de um bairro que é considerado residencial desde sua origem até os tempos atuais, predominando antigas características de sociabilidade junto à abertura de vias que produziram o surgimento de centros comerciais e de lazer.

Fonte: História dos bairros de Porto Alegre