Cidade Baixa - Histórico

                Em meados do século XIX, “Cidade Baixa” foi a designação utilizada para toda região situada ao sul da colina da Rua Duque de Caxias. Mas, o território que hoje é conhecido como bairro Cidade Baixa possuiu vários nomes associados ao seu território: Arraial da Baronesa, Emboscadas, Areal da Baronesa e Ilhota. 

                Ao longo do século XIX, era denominado Arraial da Baronesa, que fazia alusão a uma grande extensão territorial abrangida por uma chácara de propriedade da Baronesa de Gravataí, cuja mansão localizava-se onde hoje é Fundação Pão dos Pobres.  Faziam parte da área, também, propriedades semi-rurais, cuja base produtiva era a mão de-obra do escravo. Quando esse fugia de seus senhores, escondia-se nos matos que faziam parte do Arraial, sendo designado de território das “Emboscadas”. 

                Em 1879, depois de um incêndio em sua propriedade, a Baronesa loteou e vendeu suas terras, que passaram a ser habitadas por negros libertos e famílias italianas. Desta forma, o território foi denominado, ironicamente, de Areal da Baronesa, em virtude da areia avermelhada existente no local.

Cidade Baixa no final do século XIX, Fotos Antigas Prati

                Assim, até metade do século XX, a Cidade Baixa continuava sendo reduto dos italianos, que realizavam serviços especializados, e dos negros: estes residiam na área correspondente ao Areal da Baronesa e à Ilhota, locais bastante insalubres, pois sistematicamente ocorriam inundações. Essas áreas fazem parte da história de Porto Alegre enquanto espaços associados à cultura popular expressa através dos batuques, das danças, ritmos e festas organizadas pelos segmentos negros da população. Destes dois territórios, saíram inúmeros músicos e compositores, solistas e jogadores de futebol que ficaram nacionalmente conhecidos, como Lupicínio Rodrigues e e o jogador de futebol Tesourinha.

                Salienta-se que a denominação de Ilhota deus-e em função de uma intervenção realizada em 1905 no fluxo do Riachinho, que acabou por abrir um canal, determinando a formação de uma pequena ilha. Posteriormente, o Riachinho foi canalizado, e teve seu curso modificado através de um projeto municipal, durante a administração de José Loureiro da Silva em 1941, passando a ser conhecido por Arroio Dilúvio. 

                Uma instituição secular no bairro é o educandário e orfanato para crianças pobres, mantida pela organização religiosa católica “O Pão dos Pobres de Santo Antônio”, fundada em 1895 pelo cônego baiano José Marcelino de Souza Bittencourt. Hoje uma Fundação, o prédio onde ela se situa foi adquirido em 1900 e inaugurado em 1910. 

Vista da instituição Pão dos Pobres, Fotos Antigas Prati

                A partir da metade do século XX, população da região aumenta significativamente, em função do desaparecimento das últimas chácaras; as ruas Avaí e Sarmento Leite passam a receber indústrias, instalam-se cinemas como o Garibaldi e o Avenida, na Av. Venâncio Aires, e a Igreja da Sagrada Família, na José do Patrocínio, torna-se sede paroquial. Além disso, o bairro passou por inúmeras intervenções de cunho urbanístico, na medida em que sua localização tornou-se, com a expansão urbana, uma via de trânsito para inúmeros outros espaços da cidade.

                Atualmente, a Cidade Baixa, criada oficialmente pela Lei 2022 de 1959, é habitada por uma população heterogênea e, como pontos que referendam seu passado, estão o Ginásio de nome “Tesourinha”, o complexo habitacional denominado “Lupicinío Rodrigues”, o Solar Lopo Gonçalves que é sede do Museu de Porto Alegre, a Fundação Pão dos Pobres, o Largo Zumbi dos Palmares, a Ponte de Pedra, a Travessa dos Venezianos e inúmeros estabelecimentos de entretenimento, principalmente noturnos, que lembram os tempos boêmios do Areal e da Ilhota.

Fonte: História dos bairros de Porto Alegre