Tristeza - Histórico

                Assim como a maior parte da Zona Sul, originalmente o Bairro Tristeza caracterizava-se por ser rural e bastante tranqüilo, longe da movimentação e a vida cultural do centro. A própria origem do nome do bairro atesta isso: um dos primeiros moradores da região, José da Silva Guimarães, possuía uma chácara no que hoje é conhecida como Vila Conceição. As características pessoais deste pioneiro, a quem atribuíam um semblante triste, acabaram por designar o nome do bairro. 

                O Tristeza abrangia uma área maior do que a atual, englobando os que hoje são seus vizinhos (Vila Conceição e Vila Assunção, bem como partes de Camaquã e Pedra Redonda). No entanto, toda essa vasta área só teve alguma movimentação maior a partir do final do século XIX, com a instalação de agricultores italianos que não haviam conseguido lotes de terra na Serra gaúcha. A colônia agrícola, batizada de Teresópolis, ironicamente acabou vingando nas proximidades do principal acesso ao Tristeza, a estrada proveniente da Cavalhada, onde hoje se localiza justamente o bairro atual de Teresópolis. Com isso, o primeiro ciclo de impulso à ocupação do Tristeza não havia sido bem sucedido.

                A construção da Estrada de Ferro do Riacho, com terminal na Tristeza, a princípio serviria para transportar o lixo produzido pelo centro de Porto Alegre para os aterros da Zona Sul. No entanto, a curiosidade da população, despertada pela presença dos trens, fez com que se desenvolvesse o uso para transporte de passageiros deste ferrovia, o que estimulou de maneira decisiva o crescimento do bairro. Essa facilidade de deslocamento para o Tristeza permitiu que muitas pessoas de maior poder aquisitivo pudessem desafogar o já populoso Centro, comprando propriedades na faixa de terra entre a ferrovia e o Rio Guaíba e instalando casas de veraneio com arquitetura em forma de chalé. Estimulados pela construção de uma faixa de concreto, alguns desses novos moradores passaram a não apenas veranear, mas também a morar no bairro. 

                Apesar do desenvolvimento que a instalação de trem proporcionou, a eletricidade somente chegou ao bairro em 1923, proveniente das linhas de transmissão da Vila Assunção. No mesmo ano, o Dr. Mario Totta patrocinou a festa do “enterro do lampião”.

                Hoje a principal via de acesso ao bairro é a Avenida Wenceslau Escobar, que teve inicialmente a designação de Rua Borges de Medeiros e de 11 de Setembro, até ser definida com seu nome atual em 1951. Esse novo caminho para a Zona Sul de Porto Alegre proporcionou uma ligação muito forte entre a Tristeza e o Cristal, visto que, com a construção do hipódromo do Cristal, desenvolve-se uma intensa atividade imobiliária na região. Dessa forma, por tabela o crescimento do Cristal impulsiona a atividade balneária tradicional do bairro Tristeza.

                Seguindo essa lógica, o Clube dos Jangadeiros se consolidou como uma das maiores agremiações no ramo dos esportes aquáticos e lazer da Zona Sul. Seu idealizador, Leopoldo Geyer, tinha a idéia de trazer a vela, então concentrada em Navegantes, para o bairro Tristeza. A partir da compra de uma pequena chácara, o Clube foi se expandindo, até participar de competições nacionais e de abarcar esportes não-aquáticos, como o tênis. Em 1961, a construção da Ilha dos Jangadeiros possibilita melhores condições de navegabilidade para os velejadores associados. Situa-se na rua Liberal, próximo ao Morro do Osso, o Cemitério da Tristeza, implantado em meados de 1951.

                Atualmente, o bairro Tristeza caracteriza-se por ser um bairro residencial, e a Avenida Wenceslau Escobar concentra boa parte do comércio. Na região da orla do Rio Guaíba, predominam casas de alto valor, enquanto que na área próxima ao bairro Camaquã há edifícios de médio e pequeno porte. Já a zona próxima ao Morro do Osso (limítrofe ao Bairro Ipanema), ainda há a sobrevivência de uma tranqüilidade que foi perdida com o processo de urbanização ao longo do século XX. 

Fonte: História dos bairros de Porto Alegre