Restinga - Histórico

                O significado da palavra ‘Restinga’ – pequeno arroio com as margens cobertas de mato e sanga –, corresponde às características do bairro no início de sua ocupação, uma vez que era cortado pelo Arroio do Salso, e possuía uma vegetação arbustiva e matas com figueiras nos sopés dos morros e maricás nas áreas lacustres. 

                Nos dias de hoje, o bairro Restinga é dividido pela Av. João Antonio da Silveira: no lado direito, temos a Restinga Velha e, ao lado esquerdo, a Nova. As duas fazem parte do mesmo bairro, e possuem características próprias, que remetem à ocupação de seus respectivos territórios nas décadas de 60 e 70 do século XX. Nesta época, a maioria dos bairros de Porto Alegre já possuía um significativo desenvolvimento urbano e, no entanto, é exatamente em prol deste fato que a então rural Restinga passa a ganhar maior visibilidade.

                Nos anos 60, Porto Alegre, ao mesmo tempo em que mostrava um rápido processo de urbanização, através da abertura de avenidas e construção de prédios modernos, tinha graves problemas de infra-estrutura na área habitacional. Para reorganizar o espaço, foi criado o DEMHAB – Departamento Municipal de Habitação, em 1965, cuja prioridade era buscar alternativas para regiões alagadiças da cidade, de grande insalubridade para as populações ali residentes. Assim, moradores das Vilas Theodora, Marítimos, Ilhota e Santa Luzia foram removidos, a partir de 1966, para a 

Vila Restinga Velha. Mas em função da inexistência de infra-estrutura - esgotos a céu aberto, falta de calçamento, moradias precárias -, o que se verificou foi a reprodução de um espaço em um novo lugar: falta de condições mínimas, bem como ocupação de áreas de risco junto à encosta do morro São Pedro. 

                Simultâneo a este contexto, foi elaborado, em 1969, um grande projeto habitacional, iniciado em 70 e concluído na sua primeira etapa em 1971, chamado Nova Restinga, na época o maior projeto habitacional do Brasil. A cidade passava por um grande processo de urbanização, incluindo aí o “Projeto Renascença”, que criou grandes modificações no bairro Menino Deus (aterros, abertura de avenidas, criação de espaços culturais). Paralelo às casas, havia o projeto de implantação do Distrito Industrial, que acolheria indústrias e, conseqüentemente, criaria um espaço de absorção da grande mãode-obra que para ali se mudava. Entretanto, o projeto nunca saiu totalmente do papel: em parte se garantiu moradia a trabalhadores de diferentes áreas da cidade, inscritos no DEMHAB, e com renda de no mínimo cinco salários mínimos, mas as indústrias não se instalaram por ali.

                A Restinga conta hoje com um contingente populacional três vezes maior do que aquele pensado inicialmente e, apesar de todos problemas estruturais que colocaram à prova seus primeiros moradores, foi através de um empenhado trabalho de sua comunidade que o bairro tornou-se oficial, via Lei nº 6571 de 1990, contando hoje com transportes, telefones, posto de saúde e instituições de ensino, sendo considerado um auto-suficiente (apesar de suas dificuldades) núcleo urbano dentro de Porto Alegre. 

Fonte: História dos bairros de Porto Alegre